Caminhos de Santiago

Seara

Entre os cristãos as peregrinações remontam ao Antigo Testamento, iniciando-se com o êxodo do povo eleito para a Terra Prometida. Jesus Cristo também peregrinou a Jerusalém, mas se Jerusalém e Roma foram os grandes pólos de difusão do cristianismo, a Santiago de Compostela coube o privilégio de ter sido, ao longo de todo o segundo milénio, a grande confluência da rede viária europeia por onde correu a pregação do Evangelho.


Os Caminhos de Santiago são por isso um denominador comum da cultura europeia pelo que estes itinerários, que são espaços públicos de convergência e harmonia, devam ser respeitados e promovidos. Neles, qualquer caminhante se sente um cidadão do mundo, o que lhe dá a oportunidade de perspetivar as suas convições num sentido universal de abertura e de tolerância.


O Caminho de Santiago é uma rota milenar seguida por milhões de peregrinos desde o início do século IX, quando foi descoberto o sepulcro do Apóstolo Santiago o Maior. Desde então, pessoas das mais diversas procedências percorrem os Caminhos que conduzem à Catedral onde se veneram as relíquias do Santo Apóstolo, dando origem a um fenómeno que se mantém e reforça de dia para dia.


As peregrinações a Santiago de Compostela a partir de Portugal intensificam-se no Século XII com a independência do país, assumindo assim, particular relevo a estrada real Porto/Barcelos/Ponte de Lima/Valença onde confluem quase todas as demais, reforçando este percurso como a espinha dorsal dos caminhos portugueses de Santiago.


Foi este o itinerário escolhido pela maior parte dos peregrinos que demandaram Santiago, pelo menos a partir do início do séc. XIV, o que bem se demonstra pelos inúmeros relatos que se conservam nos arquivos compostelanos e nas referências conhecidas aos seus caminheiros mais ilustres a Rainha Santa Isabel, Leão de Rotzmithal, Jerónmo Münzer, el-Rei D. Manuel, Confalonieri, Albani, e provavelmente também S. Francisco de Assis, o Beato Francisco Pacheco e tantos outros egrégios peregrinos que a memória não registou. Com efeito, com a conclusão da ponte de Barcelos em 1325 e a remodelação da de Ponte de Lima na mesma época, foi possível criar um percurso rectilíneo que evitava a inflexão por Braga e a travessia a vau ou em barca dos rios mais perigosos.


Rates, Barcelos, Seara, Ponte de Lima, Valença, Tui, Redondela, Pontevedra e Caldas de Reis definiram o novo itinerário medieval do Porto a Santiago, tendo apenas em comum com a velha via militar romana um ou outro troço urbano e as pontes ainda em uso para vencer as ribeiras mais buliçosas.


O Caminho Português de Santiago, faz uso de trajetos antigos que cruzam bosques, campos agrícolas, aldeias, vilas e cidades históricas assim como, cursos de água através de pontes, algumas deixadas pela ocupação romana. O Caminho é ainda marcado por capelas, igrejas, conventos, alminhas e cruzeiros, nos quais não falta a imagem do Apóstolo Santiago.


Por aqui passaram multidões de gente anónima, caminheiros, viajantes, almocreves, mercadores, feirantes e romeiros, mas também, reis, nobres e clero. Contudo, o Caminho é também uma oportunidade de descobrir a hospitalidade das gentes do Norte de Portugal e da Galiza. O seu vasto património arquitetónico, as suas seculares tradições culturais e a sua riquíssima gastronomia são de grande valor histórico.


A Freguesia da Seara faz parte Caminho Português de Santiago.


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